segunda-feira, 9 de abril de 2018

Esporte Clube Taubaté - Voltando Às Origens

   Minha vida profissional tem sido repleta de grandes surpresas e sinto sempre a presença de Deus direcionando os meus passos e, consequentemente, me indicando o novo endereço profissional.
   Isso se tornou realidade mais uma vez quando, no dia 7 de fevereiro, no exato momento em que eu me encontrava em meu período de oração diária, fui interrompido por uma chamada telefônica que traduziu-se em uma agradabilíssima oferta de emprego no tradicional Esporte Clube Taubaté, integrante da Série A2 do Campeonato Paulista.
   O período de contrato era diminuto, apenas para 10 jogos, e que seriam realizados em apenas 44 dias, mas aceito por mim, pois eu já havia desfrutado de duas excelentes experiências nessa divisão, quando em 1992 com o Mogi Mirim Esporte Clube, na época do Carrossel Caipira do Interior sob comando técnico do meu querido amigo Oswaldo Alvarez (atual Técnico da Seleção Brasileira Feminina), e com o multicampeão Rivaldo iniciando sua carreira profissional quando fomos os campeões. A segunda experiência foi em 2006 no Rio Claro Futebol Clube e tendo como Técnico o vitorioso e grande amigo Paulo Roberto Santos. Ficamos em terceiro lugar, obtendo o primeiro acesso desse tradicional clube à primeira divisão de São Paulo.
   Sob o comando Técnico do experiente Marcelo Martelotte, iniciamos no dia 9 fevereiro às 15:30 horas o primeiro treinamento, exatamente na véspera de nossa estréia contra o Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba em Taubaté.
   O clube vinha de 3 derrotas seguidas e necessitávamos de um resultado que viesse à produzir um novo rumo dentro da competição e isso ocorreu, mesmo com um empate no domingo em 1x1 com amplo domínio por nossa parte durante os 96' e com o gol marcado aos 47' do segundo tempo.
   Depois de analisar esse primeiro jogo e participar de outros 2 na mesma semana (Batatais 1x1 Taubaté, na quarta feira à noite, e Guarani Futebol Clube 2 x 1 Taubaté, no sábado a tarde, ambos fora de casa), planejei 3 sessões de treinamento, visando a primeira semana com Resistência de Força/Resistência de velocidade/Potência Anaeróbia Aláctica, segunda semana com Resistência Força/Resistência Velocidade e, na terceira semana, Resistência de Força e Força Explosiva, subdivididas em 3 semanas que teríamos à frente sem jogos no meio das mesmas, sendo os únicos períodos disponíveis ao longo dos 44 dias que dispúnhamos para os treinos bem específicos (sendo 2 seguidas e a outra 8 dias à frente).
   Os treinos foram confeccionados dentro de uma abrangência bem específica quanto aos movimentos e ações executadas pelos atletas durante um jogo e obedecendo particularidades de suas respectivas posições em campo.
   Realizei em cada uma dessas 3 semanas e sempre de forma diferenciada como aquecimento para tais atividades, trabalhos preventivos como Core, Funcionais, Propriocepção, seguidos de movimentos generalizados comandados por mim e um joguinho em grupos, para ativar o raciocínio rápido, coordenação, ampla visão periférica com muitas mudanças de direção, saltos, acelerações, comunicação intensa, regado à muita descontração. A atividade desse período específico de preparação para a sessão principal era iniciada com um bobinho no meio campo, que durava 12' e após o mesmo, então, iniciava-se as atividades citadas acima, com duração máxima de 20'.
   Esses trabalhos foram sempre realizados após um período de recuperação completa de 2 dias e essas sessões abriam a nossa semana de trabalho nas manhãs de terça feira e, no período da tarde, as atividades ficavam com o técnico e seus auxiliares para a execução de Atividades Técnicas previamente programadas em conjunto à preparação física, para que não sobrecarregassem os atletas, pois esse era o único dia de período integral de treinamento da semana.
   Obtivemos ganhos enormes no quesito Força Especial, com consequentes ganhos na Força Máxima, Explosiva e Resistência de Força, que resultaram em desempenhos espetaculares.
Outro fator à ser destacado foi o Nutricional, com todo o cardápio das concentrações, diários compilados por mim, pois não tínhamos uma Nutricionista, já que nessa divisão são raras as equipes que possuem um profissional para essa importantíssima área.
   Como somatória de todos os aspectos Técnicos / Táticos / Físicos / Nutricionais / Fisioterápicos / Médicos / Massoterapêuticos e a responsabilidade individual de um verdadeiro grupo de Atletas Profissionais, terminamos a competição sem nenhuma Lesão Muscular. Apenas entorses, traumas diretos e poucas dores musculares que não impediram qualquer atleta de executar seu trabalho de forma segura.
   Nas semanas que tínhamos 3 jogos durante a mesma, quando da reapresentação no dia seguinte, realizei a recuperação com o grupo dos atletas que haviam jogado mais do que 50% do jogo, divididos em 2 grupos e, enquanto um grupo realizava uma corrida em ritmo moderado por 10' (abaixo do limiar anaeróbio - com frequência cardíaca até 130/140 bat/min), o outro grupo realizava a Liberação Miofascial. Após esse período, os grupos eram invertidos.
   Quando todos terminavam, eu completava a recuperação dos mesmo na piscina, com movimentos e deslocamentos bem específicos comandados por mim e com uma duração média em torno de 30'.
Os atletas que haviam jogado menos de 50% do jogo realizavam um treino Técnico no gramado com o Técnico Marcelo Martelotte e seus auxiliares Juninho e Fábio.
   Sempre ao final de cada jogo, eu realizava com os atletas Suplentes e aqueles que haviam jogado menos que 50% do jogo, acelerações no gramado.
   Era uma atividade de curta duração, porém intensa (Anaeróbio Aláctico) e intermitente, abrangendo 12 acelerações subdivididas em 4 grupos de 3, com metragens variando entre 8 e 12 metros e um intervalo de recuperação de 1:2 à cada 3 acelerações sem bola; a intensidade correspondia à média desenvolvida em um jogo; 18 a 22 km/h.
   Como os suplentes já estavam em um processo de aquecimento constante comigo durante o segundo tempo, terminado o jogo, eu aguardava 5' para que os atletas que atuaram menos 50% se recuperassem um pouco, para realizar as acelerações.
   No vestiário, quando das partidas realizadas na cidade de Taubaté, os atletas após o banho ingeriam alimentos ricos em carboidratos, sucos e refrigerantes e, nos jogos fora de Taubaté, ou voltávamos para o hotel à fim de jantarmos bem ou íamos a uma pizzaria previamente reservada à fim de acelerarmos o nosso processo de recuperação dos níveis do Glicogênio Muscular, depletados quase que totalmente e que, para a sua completa restauração, são necessárias de 24 a 36 horas.
   Eu não sou um seguidor estrito de regras ou tendências, mas executo o meu trabalho de forma bem simples, precisa, embasado na ciência e sempre em conjunto aos demais membros da Comissão Técnica na qual estou inserido.
   Não limito meu trabalho às condições de trabalho oferecidas pelo clube, mas procuro adquirir os materiais básicos para o realizar de um trabalho bem dinâmico e específico.
   Trabalhar no tradicional Esporte Clube Taubaté foi mais um privilégio concedido por Deus à minha pessoa e mais um conglomerado de experiência adquiridas com os vários profissionais com os quais aqui trabalhei e convivi durante esses 44 dias, voltando um pouco às minhas ORIGENS, quando iniciei minha carreira profissional em 1988 no interior do Estado de São Paulo e Paraná, mas já tendo realizado trabalhos em 1984 no Clube Atlético Linense, onde retornei em 1988.

Walter Grassmann

   Inscreva-se em nosso canal no YouTube e curta a página no Facebook para ficar por dentro de todas as novidades e receber em primeira mão os próximos vídeos e postagens!