domingo, 29 de janeiro de 2017

Segurança, Rendimento e Acompanhamento - o tripé do meu trabalho.

   Minha vivência profissional é bem pessoal, e cada profissional utiliza de uma metodologia própria para realizar seu trabalho. Com isso, eu posso afirmar que metodologia de trabalho não se discute, desde que a ciência não esteja à parte do nosso trabalho. Nos últimos 5 anos eu passei por uma reformulação profissional muito grande, e isso me enriqueceu muito, porque associei aos conhecimento e a minha experiência de Brasil esses novos conceitos coletados através da vivência com técnicos de outros países. 
   Sempre inicio os treinamentos com uma atividade recreativa (pré-aquecimento), e isso antecede também aos períodos em que realizo o trabalho de CORE e os Funcionais, que juntos constituem o trabalho preventivo. Na Ásia, a pré-temporada (China) dura 75 dias, e diferentemente do Brasil, que possui um período de 3 a 4 semanas, nós temos que controlar muito bem as cargas devido a longa exposição dos atletas aos treinamentos antes do início da temporada com jogos. Também sempre iniciei a minha temporada com os Trabalhos de Força, mas sempre com um período de adaptação mais prolongado, e sempre realizando de 4 a 6 atividades juntas, que englobavam força, resistência de força, potência e a parte técnica (específica ao jogo). Um exemplo dessa atividade, que era bem alterada e realizada de 2 a 3 vezes na semana, é o seguinte: 

  • Estação 1: agachamento iniciado com as duas pernas e sempre com o peso posicionado a frente do corpo. Após 6-8 agachamentos com o peso inicial de 30kg, o atleta saltava de 4 a 6 vezes e realizava um tiro de 20m com ida e volta (com e sem bola). Algumas vezes eu alterava o agachamento pelo trabalho a fundo. Com o desenvolver dos trabalhos, eu já utilizava o agachamento unipodal.
  • Estação 2: CORE.
  • Estação 3: trabalhos tracionados, localizados com bola e em deslocamento com bola também.
  • Estação 4: campo reduzido com várias regras - um toque na bola, dois, e a vontade. Passagem obrigatória pela metade do campo reduzido, sempre com a bola em movimento, etc.
  • Estação 5: CCVVCorrida Com Variação de Velocidade. Espaço de 40m por 50m, todo demarcado de 10m em 10m, onde os atletas, durante períodos específicos de tempo (5, 10, 15 e 20s), executam tiros bem variados entre essas demarcações, simulando os movimentos de alta intensidade durante um jogo – com e sem bola. Os tempos de 5s e 10s sem bola, e de 15s e 20s com bola.
  • Estação 6: trabalho com Bosu e Medicine Ball, com utilização da bola sempre. Atletas eram posicionados no Bosu e realizavam trabalhos de devolução, cabeceio e passes. Também realizávamos essas mesmas atividades partindo do gramado para o Bosu, e sempre ao final de cada série, tiros curtos com mudança de direções.

   Essas estações eram sempre alteradas, trazendo um dinamismo muito grande ao trabalho. A duração de cada estação girava em torno de 4-6 minutos, com um volume total inicialmente de 2 passagens completas, mas quando executávamos com apenas 4 estações, as passagens chegavam a 6 vezes. A recuperação entre as estações em cada passagem era de 2 minutos ativos, sendo a recuperação entre uma passagem completa e outra de 4-6 minutos.
   Como observação, quando executávamos o CCVV, ele sempre foi controlado de forma mais precisa, pois trata-se de um treinamento anaeróbio alático bem desgastante. O uso do GPS sempre foi feito pois estávamos controlando individualmente os nossos atletas para maior segurança, cobrança e desempenho dos mesmos.
   Quanto ao trabalho preventivo, nos usávamos o CORE, inicialmente de 6-8 posições diferenciadas e com duração de 30s, 45s e 1min. Esse trabalho sempre foi acrescido de formas variadas, acompanhando uma evolução natural do processo. Utilizávamos também Bosu, Bola Suíça, Elásticos variados, Cama Elástica, Plintos, Pesos Livres, Pára-quedas, TRX, dentre outros aparelhos.
   A especificidade do treinamento nunca deve ser desassociada da presença do técnico e seus auxiliares, pois essa junção entre físico e técnico é fundamental. Essa planificação de todo um trabalho é sempre realizada a cada 30 dias, sendo que ao final de cada semana fazemos reuniões para analisar o que foi feito e o que faremos na semana seguinte, e modificações ou não podem ser realizadas dependendo da necessidade. Os controles dos treinos diários também são analisados com a fisiologia e passados ao técnico.

   Sempre fui muito criativo em meu dia a dia, mas sempre embasado pela ciência  e o trabalho conjunto a todas as demais áreas, como a fisiologia, nutrição, psicologia, fisioterapia, massagistas, treinadores de goleiros, técnicos, auxiliares. É lógico que em meio a todo esse conglomerado de situações e informações variadas, existe o fator 'resultado dos jogos' que interfere no desenrolar do nosso trabalho. Mas, independentemente de qualquer coisa, eu sempre vou realizar o meu em trabalho em equipe embasado pela ciência em todos os clubes nos quais trabalharei. Segurança, rendimento e acompanhamento – o tripé do meu trabalho.

Walter Grassmann

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