terça-feira, 24 de outubro de 2017

Clube do Remo - Belém do Pará - Brasil

             CLUBE DO REMO - Campeonato Brasileiro Série C 2017

Foi a minha segunda experiência na série C do Campeonato Brasileiro e isso gerou em mim, uma expectativa muito grande em termos de conquista do acesso à série B para 2018 com o Clube do Remo, pois em 1995 trabalhando pelo Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba - TAM, conquistamos o Título de Campeão da série C.
Fui contratado à pedido do grande amigo e extraordinário Técnico Josué Teixeira, com quem eu já havia trabalhado em 2011 no Sampaio Corrêa Futebol Clube - MA, onde conquistamos o Título Estadual.
Cheguei com a competição já em andamento e nesses casos, uso da minha experiência profissional para em conjunto aos demais membros da comissão técnica configurarmos um plano de trabalho que atendesse as necessidades primordiais quanto ao ganho de força e resistência de força, muito defasados ( nesse caso em especial), após ter detectado essas deficiências durante alguns treinos e no meu primeiro jogo pelo Campeonato Brasileiro contra a equipe do Cuiabá, onde empatamos no Estádio do Mangueirão por 1 x 1.

 Durante os 5 meses em que estive trabalhando no Clube do Remo,  apenas 1 lesão muscular foi registrada e exatamente em um atleta que estava realizando o seu primeiro jogo pelo Campeonato Brasileiro e na última partida que antecedia a fase decisiva do acesso (mata-mata).

Priorizamos trabalhos bem dinâmicos e específicos de transferência de força e Resistência de Velocidade e os alinhamos à todas as sessões de treinamento técnico e tático, além de utilizarmos muito criteriosamente, todas as avaliações periódicas com suas respectivas observações diárias realizadas pela fisiologia e isso foi fundamental para que as lesões não nos atrapalhassem.
O trabalho de transição para os atletas que se ausentavam das sessões de treinamento devido à entorses, traumas diretos, viroses, etc por mais de 4 dias, atendia a 3 protocolos bem definidos e que eram direcionados ao atleta em questão, dependendo do período de inatividade do mesmo.
Realizávamos pelo menos 2 vezes na semana a coleta do Lactato sanguíneo e a Glicemia após os treinos de maior intensidade ou optávamos também pelas coletas após o segundo período de treino ( algumas semanas tínhamos 2 sessões diárias em dias alternados), pois com esse procedimento podíamos avaliar a intensidade do treinamento e consequentemente, o desempenho de cada atleta.
O Ácido Láctico é removido do sangue e dos músculos durante a recuperação após um exercício exaustivo.
Em geral são necessários 25'de repouso/ recuperação para remover a metade do ácido láctico acumulado. Isso quer dizer que cerca de 95% do ácido láctico serão removidos em 1 hora e 15'de repouso/ recuperação após um treinamento máximo.



O termo repouso/recuperacao se dá pelo fato que o ácido láctico é mais velozmente removido se a recuperação ativa em baixa intensidade for empregada após o treino. O benefício dessa atividade é que a sudorese continua mantendo a eliminação do ácido láctico e de outros resíduos metabólicos.
A Glicemia é a concentração de glicose no sangue ou mais precisamente no plasma.
As alimentações Pré - Treino devem conter de 1 a 5 gramas de carboidratos por quilograma do peso corporal e ser ingeridas 1 a 4 horas antes do treino.
O Glicogênio muscular é depletado na mesma velocidade, seja a GLICOSE ingerida ou não durante o desempenho prolongado.
A ingestão de soluções de GLICOSE durante o treino prolongam o desempenho ao fornecer carboidratos aos músculos, quando o glicogênio muscular está sendo depletado.

Nível Glicêmico:
 - NORMAL: Abaixo de 100 mg/dl
 - INTOLERÂNCIA À GLICOSE: Jejum de 111 a 125 mg/dl ( 2 horas após 75g glicose: De 141 a 199 mg/dl
 - DIABETES MELITUS: Jejum maior que 126 mg/dl ( 2 horas após 75g glicose, maior que 200 mg/dl
Na maioria das pessoas os valores variam de 70 mg/dl a 110 mg/dl ( 3.9 - 6.1 mmol/l), exceto bem logo após se alimentar, quando ocorre um aumento temporário da glicemia.
Quando a glicemia estabelece-se nos valores fisiológicos normais, cessa ou diminui a liberação de insulina a partir das células - Beta. Se a glicemia cai abaixo desses valores , especialmente a valores especialmente baixos, a liberação  de hormônios Hiperglicemiantes ( principalmente Glucagon de células- Alfa) induz à disponibilização de glicose no sangue.
A liberação de Insulina é fortemente inibida pelo hormônio do Estresse , a Adrenalina ( Epinefrina).
Realizávamos também a Oximetria, que é a aferição do grau de saturação de oxigênio no sangue.
A saturação e nível de oxigênio tem relação com a coloração do sangue. Então quanto maior o brilho e cor vermelha, maior será a saturação.
Saturação do oxigênio no sangue arterial ( SO2) é o percentual de hemoglobina do sangue arterial que está ligada ao oxigênio, sendo o seu normal em torno de 97 - 98%.
Controlamos bem de perto, dentro das nossas limitações, todas as sessões de treinamento, para que obtivéssemos um seguro e correto aproveitamento físico e ele então, elevasse nossa performance técnica e também a uma ampla assimilação tática.


A cidade de Belém localizada na região Norte do Brasil é caracterizada por um clima com uma elevada umidade e temperaturas acima de 30 graus, induzindo o organismo dos atletas a um desgaste muito grande e uma necessidade constante de uma perfeita hidratação.
Quando a perda de líquidos pela sudorese é mais rápida do que a reposição de líquidos, o atleta está em um processo de desidratação.
Ela leva a um estado de Hipoidratação, que combinada com a Hipertemia, diminui o desempenho, como resultado da incapacidade do sistema cardiovascular em manter o débito cardíaco ( ou Gasto Cardíaco é o volume de sangue sendo bombeado pelo coração em 1'. É igual à freqüência cardíaca multiplicada pelo volume sistólico. Portanto se o coração está batendo 70 x minuto e a cada batimento 70 Mililitros de sangue são ejetados, o debito cardíaco é de 4.900 ML/ Minuto).
Essa queda do desempenho é consequência da diminuição do volume plasmático, decorrente de menor volume sangüíneo e menor esvaziamento ventricular de tal magnitude que não se pode compensar pelo aumento da freqüência cardíaca.
A Hipoidratação também prejudica a função TERMORREGULATÓRIA, o que faz com que o EXERCÍCIO NO CALOR SEJA MAIS DIFÍCIL DE SER REALIZADO.
Na prática do futebol, além das funções cardiovasculares e termorregulatórias, as funções motoras desempenham papel crucial.
Se essas funções são afetadas com a DESIDRATAÇÃO, isso pode afetar muito o desempenho dos atletas nos treinamentos e em momentos finais de jogos, que são críticos.
Cada atleta deve ingerir a quantidade de líquidos necessária para compensar as perdas ocorridas pelo suor; essa QUANTIDADE DEVE SER DETERMINADA PELA PESAGEM DO ATLETA ANTES E DEPOIS DO TREINO E SEM OS ACESSÓRIOS.
É fundamental importância que os atletas se hidratem frequentemente durante os treinos, para se acostumarem a tolerar o consumo de grandes quantidades de líquidos.
Devido à isso, pelo menos 3 vezes na semana, realizávamos o controle Ponderal, antes e após cada sessão de treinamento, com todos os atletas e os mesmos eram esclarecidos e orientados, quanto a necessidade diária de uma perfeita hidratação e suplementação.

   A cada nova experiência profissional, eu passo à obter novos conhecimentos e a utiliza-los em prol da minha carreira. Trabalhar no Clube do Remo me possibilitou realizar treinamentos em condições climáticas bem hostis, pois além da temperatura elevada e a sensação térmica que elevava a mesma a uns 5 graus a mais , a grandiosa umidade relativa do ar também fazia com que todos ficassem melados o dia todo. A aclimatação ao calor acarreta um aumento do volume plasmático, um início mais precoce da transpiração durante o treino uma taxa de transpiração mais elevada, redução da quantidade de eletrólitos perdidos no suor e uma redução do fluxo sanguíneo cutâneo.
Como tínhamos vários atletas das mais variadas regiões do Brasil ( os que mais sentiram essas variações foram os atletas vindos das regiões Sudeste e Sul), sempre tivemos cuidados especiais com a Hidratação e suplementação de todos.
   Antes e após cada uma das sessões de treinamento, nosso excepcional fisiologista Eric Cavalcante ministrava dosagens em capsulas ou medidores de BCAA / CREATINA / CAFEÍNA / WAY PROTEIN / GEL DE CARBOIDRATO / POLI VITAMÍNICO / VITAMINA C. Essas ministrações eram estudadas com antecipação, para que dependendo do treino e sua interdependência volume/intensidade, alguns ítens poderiam receber mais importância do que outros e assim nem sempre essa variedade toda de suplementação era ministrada.
   Quando da realização dos jogos fora de Belém, somente eu ministrava essa suplementação, mas sempre obedecendo rigorosamente a dosagem e quais suplementos utilizar e quando, tudo especificado pelo nosso Fisiologista, já que não dispúnhamos de uma Nutricionista.
A Crioterapia era sempre realizada após o segundo período de treino que realizávamos em dias alternados ( geralmente terças e quintas) e após os jogos, no vestiário do Estádio do Mangueirão nossos atletas saboreavam após o banho, 12 pizzas grandes com refrigerantes e sucos, para que a reposição dos Carboidratos fosse mais rápida, acelerando parte do processo de recuperação dos mesmos. No dia seguinte, no período da tarde a reapresentação de todos os atletas era efetuada em nosso local de treinamento (Estádio Antonio Baena , o Baenão), onde realizávamos então a segunda parte de todo o processo de recuperação.
   Um treino Técnico comandado pelo assistente técnico com os atletas que atuaram menos que 45' somados aos não relacionados para o jogo e um trabalho na academia Cia Athletica com os atletas que atuaram mais que 45' onde realizávamos um trabalho preventivo, visando o fortalecimento muscular bem especifico e funcional.

Pelo menos 2 vezes ao mês e sempre obedecendo o período da reapresentação após um jogo, o grupo do trabalho técnico com bola, também realizava esse treino preventivo e funcional na CIA ATHLETICA. Esse processo somente era alterado, quando jogávamos fora de Belém e o jantar era então servido no hotel após o jogo.
   Quando o nosso vôo de retorno à cidade de Belém era realizado no período da tarde, então eu realizava o primeiro processo de recuperação dos atletas pela manhã (11 horas) na academia do hotel, piscina ou mar. Quando o vôo era de madrugada, então na chegada a Belém, dávamos um dia inteiro de folga para todos e seguíamos a programação acima citada, no dia seguinte.

   O Estádio Estadual Jornalista Edgar Augusto Proença, conhecido por Estádio Olímpico do Pará depois da reforma ou popularmente MANGUEIRÃO, é o local onde o Clube do Remo mandava os seus jogos durante o Campeonato Brasileiro da Série C de 2017.
   O meu Senhor e Salvador Jesus Cristo sempre foi o responsável por me abrir novas portas de trabalho, utilizando homens para tal e para tanto teço aqui um agradecimento especial para os Técnicos Josué Teixeira (indicou a minha contratação) e Leonardo de Souza Barbosa ( Leo Goiano) com quem terminei a temporada no Clube do Remo.
   Para finalizar mais essa postagem, cito um versículo da Bíblia Sagrada, onde no livro de Eclesiastes 3:1, diz: "TUDO TEM O SEU TEMPO DETERMINADO E HÁ TEMPO PARA TODO PROPÓSITO DEBAIXO DO CÉU".
   Assim mais uma etapa profissional encerrou-se em minha vida e outras estão à cargo do meu Deus para serem descortinadas.

Walter Grassmann


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