segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Entrevista para o EPTV

"Walter Grassmann deixa o Guarani em forma! | Bugremídia"



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sábado, 13 de outubro de 2012

Coordenação Intra e Intermuscular

   O trabalho de Transferência de Força, nome não muito aceito por vários Fisiologistas que preferem chamá-lo de trabalho de Coordenação Intra e Intermuscular, também pode ser designado como treinamento de Força Especial. Esse trabalho é mais um método muito utilizado para o desenvolvimento da força em atletas de futebol.
   Vou então apresentá-lo pois o tenho realizado com muito sucesso, devido principalmente à sua eficácia e segurança.


Coordenação Neuromuscular

   A ação motora (execução de qualquer movimento), caracteriza-se por determinada ordem de ativação de unidades motoras no músculo e pela interação de diferentes músculos.
   A ordem (sequência) de ativação e o número total de unidades motoras envolvidas em uma única contração muscular são determinadas pelo mecanismo de Coordenação Neuromuscular (Intra e Intermuscular).
   O número de unidades motoras que podem ser mobilizadas no caso de contrações de força máxima não supera, geralmente, entre as pessoas não treinadas, 25 a 30% do número total, sendo que, no caso dos desportistas treinados e adaptados às cargas de força, esse número pode ser de 80 a 90%.
   Os experimentos científicos mostram quem a força a ser desenvolvida pelo músculo constitui o fator que determina a quantidade e o tipo das unidades motoras recrutadas.
   As unidades motoras de contração lenta são as primeiras a entrar em ação.
   Quando elas já não são capazes de desenvolver a força necessária, ocorre o recrutamento de unidades motoras de contração rápida.
   Por exemplo: quando se realiza o exercício com peso baixo e em um ritmo lento, a maior parte do esforço é assegurada pelas fibras tipo I. Porém, com o aumento da velocidade e do peso, as fibras tipo II passam a fazer parte do trabalho.
   Em um trabalho no qual se manifesta a força máxima, ocorre o recrutamento das fibras IIa, IIab, IIb.
   Com velocidades baixas e pesos consideráveis, as fibras musculares de ambos os tipos se contraem de modo sincronizado, contribuindo no conjunto para a força de tração, mas, à medida que aumenta a velocidade de contração, diminui cada vez mais a participação das fibras do tipo I, que já não conseguem se contrair, e a força total de tração dos músculos diminui.
   O trabalho muscular prolongado (que requer a manifestação de resistência), está ligado ao envolvimento alternado de diversas unidades motoras, preferencialmente as fibras tipo I.
   A partir do momento em que algumas unidades motoras se fatigam, entram em cena outras. Se o caráter do trabalho não admite tal substituição mútua, a manutenção da capacidade de trabalho fica ligada ao reforço de impulsos nervosos.
   Dessa forma, ao regular a carga do peso e a velocidade da execução do exercício, pode-se efetuar a influência seletiva de treinamento sobre as unidades motoras de diferentes tipos.
   Outro indício de perfeição da Coordenação Neuromuscular determinante da revelação da capacidade de força, é a concordância da contração e do relaxamento dos músculos durante a execução do movimento (Coordenação Intermuscular).
   Os músculos cuja ação conjunta condiciona a possibilidade de realização de um determinado movimento são chamados de sinergistas, e os outros músculos, antagonistas, devido a seu tônus ou ação em direção contrária ao movimento, asseguram a sua suavidade e protegem a articulação de um traumatismo.
   A repetição dos exercícios em regime específico leva à eliminação da tensão excessiva dos músculos antagonistas na execução desses movimentos e assegura, ao mesmo tempo, o trabalho simultâneo dos músculos sinergistas. A eliminação das perdas de força dos músculos ligados a sua interação não eficiente, durante a execução dos movimentos, leva à elevação do significado resultante da força.
   A qualidade de manifestação da Capacidade de Força depende também de uma série de outros fatores, tais como: manutenção energética, propriedades elásticas dos músculos em ação, grau de mobilização psicológica do desportista, etc.
   Esses fatores, portanto, devem ser levados em consideração no processo de treinamento da Capacidade de Força.


Tipos de Fibras

I - Fibras de contração lenta e resistentes à fadiga, usadas para a produção de força de pequena magnitude, mas de longa duração.
Ic / IIc - Fibra intermediária oxidativa. Possui características entre as de contração rápida e as de contração lenta.
IIacIIa - Fibras de contração rápida intermediária glicolítica e resistente à fadiga. Contribuem por períodos prolongados para a produção de força relativamente elevada.
IIabIIb - Fibras de contração rápida glicolítica e sensíveis à fadiga, sendo adequadas para a produção de níveis elevados de força de curta duração.


   A título de exemplo dos exercícios deste tipo, pode ser mencionada a flexão do joelho com a barra nos ombros para o 1/2 agachamento, o afundo e a subida em um banco ou plinto, com uma altura de 40 a 50 centímetros, sendo o peso total estipulado junto aos atletas, atendendo inicialmente à um valor alto para que se consiga, mediante o mesmo, um recrutamento quase que total das fibras musculares (como, por exemplo, na ordem de 120% do peso com que o atleta conseguiu levantar-se da posição de semiflexão). Aqui, como em qualquer outro treinamento, pesa muito a experiência do Preparador Físico quanto à conceituação das cargas que serão inicialmente utilizadas, levando-se também em consideração o período do ano em que o trabalho será iniciado, e, principalmente, a elaboração de uma programação prévia e periódica desde o início da temporada.

   Os exercícios com a extensão forçada dos músculos são executados com a velocidade de 4 a 6 segundos para cada movimento, com 3 a 4 repetições em três séries, sendo o intervalo de repouso entre as séries de 3 a 5 minutos, em função do volume dos músculos envolvidos no trabalho.
   Muito importante é o conhecer de algumas limitações deste treinamento, pois, apesar de proporcionar respostas seguras quanto aos ganhos dele provenientes, estamos sempre envoltos por uma quantidade abusiva de jogos, e, uma vez que a execução desses exercícios está ligada a cargas altas nas articulações, devemos aplicá-lo sempre que nos depararmos com uma semana sem jogos, ou até se for o caso, realizando apenas um dos modos de execução, diminuindo o seu volume, mas mantendo a intensidade.
   Outra opção também, é realizar o trabalho de grande recrutamento das fibras musculares, na academia mesmo (musculação), e depois, no gramado, realizar o trabalho de saltos e as acelerações.
   As primeiras sessões devem ser iniciadas com cargas de adaptação, um peso que todos os atletas sustentem com muito facilidade e até as repetições podem ser aumentadas, passando até para um máximo de 6, em até 4 a 6 séries.
   Dores musculares serão sempre menores com esse período adaptativo, e, assim sendo, as restrições pelos atletas e os consequentes ganhos de força com segurança e precisão serão sempre o ponto alto deste trabalho.
   Na prática do treinamento desportivo, são muito difundidos os métodos de preparação de força elaborados com base na combinação dos regimes excêntricos e de superação do trabalho muscular, sendo os exercícios de saltos os mais populares.
   Esses exercícios são aproveitados com êxito para o treino de Força Explosiva dos músculos das pernas (chamada "springness"), durante o treinamento com atletas de diferentes níveis.
   Os exercícios de saltos são executados com impulsão única ou múltipla, repetida com uma ou duas pernas. Os saltos múltiplos com potência máxima abrangem geralmente, em uma série, 3 a 8 impulsões, sem aceleração ou com pouca (por exemplo: 5 saltos em uma perna, pernas alternadas ou em duas pernas, saltos através dos bancos, bolas, barreiras, etc).

   A duração dos intervalos de descanso entre os exercícios é de 10 a 20 segundos, e geralmente fica condicionada pelo tempo de regresso do atleta à posição inicial para a execução do exercício.
   O número de repetições em uma série é de 3 a 4, sendo o intervalo entre as séries de 3 a 5 minutos.
   Em cada sessão são efetuadas não mais de 2 ou 3 séries no treinamento da força explosiva e 6 a 10 séries no treino da resistência de salto.
   Sendo o futebol um desporto coletivo com predominância de força e velocidade, o desenvolvimento da Força Especial é fundamental. Logo, compreender as manifestações integrativas do treinamento da força especial e incorporar esse princípio ao programa de treinamento, dará aos futebolistas um diferencial na capacidade competitiva.
   A Força Máxima é uma capacidade básica que influencia o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da Força Especial. Assim, o aumento da força máxima está relacionado diretamente ao aumento da força especial, pois se tem observado uma correlação significante entre o resultado do teste de 1 RM, a altura de salto vertical, e os movimentos de aceleração e de velocidade no futebol.
   Da mesma forma, a Força Explosiva é uma capacidade que também influencia o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da Força Especial.

   VERKHOSHANSKI (1990), relata que a execução de exercícios de Força Explosiva imediatamente após a execução de exercícios de Força Máxima, é um fator essencial para o aumento da Força Especial do desportista.
   Os exercícios de Força Máxima são utilizados para aumentar os estímulos neurais e os exercícios de Força Explosiva são usados para a otimização em movimentos próximos ou específicos à modalidade desportiva.

   Portanto, uma sessão de treinamento direcionada ao aumento da Força Especial de atletas de futebol profissional consiste na execução de exercícios de Força Máxima (alta intensidade e baixo volume), seguido de exercícios de Força Explosiva ou de velocidade (multisaltos, pliometria, corrida em rampa, corrida tracionada, exercícios de aceleração e de velocidade), realizados de forma cíclica e acíclica, e exercícios de resistência.

Exemplo de trabalho de Transferência de Força

1- Exercício de Força Máxima por meio de exercícios de musculação na academia do clube é uma grande opção. Membros inferiores e com cargas elevadas, 80 a 100% da carga máxima para extensores e flexores, e, para adutores e abdutores, muito cuidado com a carga a ser empregada. Não recomendo o teste da carga máxima para adutores e abdutores (converse com os demais Preparadores e com a Fisiologia à respeito). Para as panturrilhas, cargas em torno de 70%.
   Para uma Transferência de Força mais específica, sempre utilizo exercícios com barras livres com pesos (anilhas) no gramado, para a realização do meio agachamento, afundo, e subida no banco. Costumo utilizar uma carga inicial que varia entre 30 a 40kg.
   Começo dividindo o grupo de profissionais por posições, em horários diferentes para evitar aglomerações e distrações. Divido os atletas em 3 grupos postados bem a frente de cada sequencial:

  • A- 1/2 Agachamento: 4 a 6 repetições - 4 a 6 saltos seguidos sobre barreiras de 40 a 70cm, terminando com um "sprint" de 5 a 30m, cíclico ou acíclico, com ou sem bola. Realizar todas as séries (2 a 4), para somente depois mudar para outro sequencial.
  • B- Afundo: Mesmo processo.
  • C- Subida no banco: Mesmo processo.

2- Exercícios de Força Explosiva como saltos sobre barreiras, pliometria, rampa, tração, ou "sprints" de 5 a 30.

3- Exercícios de Resistência de Força, tais como séries de 12 a 20 saltos consecutivos, campo reduzido, etc.



Obs.: Esse trabalho é simplesmente sensacional e seguro, mas deve ser executado com muito cuidado pois é muito desgastante, podendo gerar, em alguns atletas, algumas dores musculares (adutores e posterior de coxa) por até 2 dias após as execuções. Os ganhos de força são imensos e a adaptação dos atletas também é simples e rápida.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Coréia do Sul - Nova rota profissional


   Desde o dia 12 de janeiro deste 2012, estou desfrutando de um renovo profissional trabalhando na equipe sul-coreana do Daegu F.C.. Uma nova experiência internacional proporcionada pelo meu Senhor e Salvador Jesus Cristo, e muito bem aproveitada por mim com a realização de mais uma vez de um trabalho bem programado e controlado.

   Resido na agradável cidade de Gyeongsan, separada da grande cidade de Daegu (com seus 2 milhões e 500 mil habitantes), por apenas 4 km. Um lugar muito agradável e seguro, rodeado de grandes montanhas e um belo riacho que serpenteia essa geografia abençoada com suas águas piscosas e cristalinas.




   Minha atual equipe disputa a K-League (Primeira divisão sul-coreana) e também a Copa da Coréia. A K-League é disputada por 16 equipes e apresenta um ótimo nível técnico, embora a forte marcação e intensa movimentação dos atletas prevaleçam em todas as partidas.
   Realizamos nossa pré-temporada no Brasil, sendo as cidades de Curitiba (25 dias) e Foz do Iguaçu (10 dias), as escolhidas para nos receber em solo brasileiro.
   Na maravilhosa Curitiba, realizávamos nossos trabalhos no local de nossa estada (Sportsville) e também no Centro de Treinamento do glorioso Coritiba F.C.. Na aconchegante Foz do Iguaçu, nos hospedamos no sofisticado Bourbon Cataratas Hotel.

Eu com o Prof. Juvenilson de Souza. Amigo e excelente profissional.

Realização do "Soccer Test Yoyo Recovery II"
   Foram 35 dias obedecendo uma programação cientificamente elaborada e acompanhada pelo Dr. Raul Osiecki, amigo e competente Fisiologista do Coritiba F.C., onde realizamos todas as avaliações ("Taxa de Gordura", "Speed Test" (10 - 30m), "Agility Test" (20m), "Jump Test", "Soccer Test Yoyo Recovery II").
   Realizamos também vários jogos treinos contra adversários diferentes, além de enfrentarmos por 2 vezes cada, a dupla Clube Atlético Paranaense e Coritiba F.C..

   No dia 15 de fevereiro, retornamos para a Coréia do Sul, e já no dia 20 retornamos aos treinamentos, visando nossa estréia pela K-League 2012 contra a grande equipe do Seoul (1x1) às 15 horas no Daegu Stadium.
   Até agora (08 de outubro), realizamos 34 jogos pela K-League (12 vitórias / 10 empates / 12 derrotas), tendo ainda pela frente mais 10 rodadas, com o encerramento da atual temporada no dia 2 de dezembro.
   Estou totalmente adaptado juntamente com a minha família à vida nesta Coréia do Sul maravilhosa, e tenho o desejo de aqui permanecer por mais alguns anos, mas, o futuro à Deus pertence, e somente compete à minha pessoa continuar realizando meu trabalho com toda a dedicação, amor, competência e profissionalismo que sempre me acompanharam ao longo de toda a minha carreira.