
Atingimos uma marca impressionante em 2015 ao passarmos uma temporada inteira sem a ocorrência de lesões musculares ou articulares, mas apenas traumas diretos e pequenas contusões. Mesmo com apenas 31 jogos oficiais, sendo 30 pela Chinese Super League e 1 pela China Cup, tivemos uma temporada repleta de longas viagens (quem já trabalhou na China sabe disso) e muitos períodos de treinamento em 10 meses de atividades.

Minha equipe Chinesa, o Changchun Yatai F.C., é um clube de porte médio e, assim como em outros países do mundo, nāo possui condições de competir com as grandes potências em termos de vultuosas contratações e magnificas condições de trabalho no que se refere à tecnologia relacionada aos departamentos médico, fisiológico, nutricional, psicológico, fisioterápico, etc.

Conhecedor de todas esses obstáculos e conhecendo bem os atletas que estavam ao meu comando (trabalhei aqui em 2013 e muitos atletas permaneceram), iniciei um trabalho alicerçado na resistência e força especiais, velocidade de movimento e resistência de velocidade.
Transferi para o campo de jogo todos esses conceitos e introduzi a especificidade à cada sessão de treinamento.

Sempre elaboro sequenciais de treinamento onde mesclo os vários sistemas energéticos em um mesmo trabalho e os realizo de forma bem dinâmica e descontraída e preferencialmente no campo de jogo. Tenho meu próprio sistema de trabalho e não sou adepto do "nada se cria, tudo se copia", pois ajo exatamente ao contrário, criando sistemas de treinamentos muito variados, permitindo aos atletas pensar e criar em meio as atividades a que estão sendo submetidos.
Gosto muito de sequenciais onde os atletas estejam dispostos em pequenos grupos locados por suas posições ou pelos resultados de testes específicos, controlados por GPS, pulsimetros, tempo ou horários diferenciados, obedecendo a um volume de trabalho total, não superior a 70/80 minutos (ativo/passivo).

Nesses pequenos grupos, eles executam em perfeita sincronia aos demais grupos no que se refere ao tempo de execução, atividades como Transferência de Força, Propriocepção, Jogo em Campo Reduzido acrescido de regras mutantes, Treino Técnico (muitas vezes envolvendo atividades como Futvoley ou outros jogos competitivos criados e executados com complexidade crescente), Trabalho Funcional, CCVV (corridas com variações de velocidade com e sem bola), Recuperação Ativa, etc.

Utilizo durante essas atividades todos os membros da comissão técnica não apenas como controladores, mas também incentivadores, para que todos os gestos empregados pelos atletas atendam as reais características empregadas nos jogos.
Sempre fui um amante da Criatividade Especifica, inerente às infindáveis variações mecânicas/individuais dos atletas, visando a execução das multi-funções à que eles constantemente estão sendo solicitados em campo.

Empreguei em 2015 conceitos de treinamento sempre alicerçados na ciência e esse procedimento carrego comigo à cada nova temporada, mas jamais deixo de realizar o meu trabalho fortemente apoiado em meu crescente aprimoramento profissional/pessoal, temperados sutilmente pelos meus 28 anos de experiência como Preparador Fisico e sempre voltado para o coletivo, onde as programações para o Macro/Meso/Microciclos, avaliações e devidos acompanhamentos, devam ser elaboradas entre os membros da comissão técnica.

Um outro fator muito importante que muito contribuiu para essa ausência de lesões nessa temporada foram os aquecimentos realizados, preparatórios às atividades e sempre executados com uma similaridade ao tipo de treinamento que se desenvolveria a seguir, mas com forte caráter de descontração, pois o fator emocional é fundamental para um excelente dia de trabalho.
Sempre primei por certos cuidados com relação as articulações durante os aquecimentos (treinos e jogos), e a cada nova sessão eu executava muito trabalho proprioceptivo com a utilização da bola.
Nāo podemos evitar as lesões musculares e articulares, mas sim minimizá-las, empregando e utilizando-se de avaliações e testes preventivos, antes/durante/após as sessões de treinamento. No meu caso especifico, sem essas condições maravilhosas, me utilizei de muitos mecanismos alicerçados na ciência, experiência profissional e somadas ao meu feeling (esse não disponível em livros, cursos e simpósios, mas encontrado em abundância naqueles que se preparam sempre e amam a sua profissão).

Após essa maravilhosa temporada sem lesões, jamais poderia terminar esse relato sem afirmar que, longe do cuidado e das bênçãos do meu querido e amado Senhor e Salvador Jesus Cristo, eu jamais seria o profissional que sou.
Walter Grassmann
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Bons treinos e até breve!
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