Ao final de cada temporada eu sempre realizo uma abordagem pessoal à respeito de tudo o que realizei profissionalmente no ano que se finda, à fim de me reciclar para o ano seguinte. Assim como a ciência evolui constantemente, esse processo também me abrange e essa somatória de novas tendências se mesclam aos meus conhecimentos e experiência profissional de 28 anos trabalhando no Futebol Profissional.
Sempre fugi bem do convencional e principalmente a partir de 2012, quando iniciei uma nova etapa profissional no Continente Asiático, depois de já ter implantado métodos de treinamento mais arrojados na equipe Libanesa do Olimpic Beirut F.C. nas temporadas 2002/03/04, passei a observar mais atentamente ainda esses mesmos métodos empregados por mim para o desenvolvimento da Resistência Aeróbia, Resistência Especial (Aeróbio / Anaeróbio), Força Especial (força máxima, explosiva e de resistência), Velocidade de Movimento e Resistência de Velocidade.
Minhas análises se aprofundam pelos Meios de Treinamento, Intensidade dos mesmos e o seu Volume.
Com isso passei a adicionar novos componentes, principalmente quando da realização dos trabalhos de força, pois sempre tive em mente que a redução do número de lesões é a chave de um programa de Força bem sucedido.
Desde o início de 2012/13 na equipe sul-coreana do Daegu F.C., passando também em 2014 pela equipe sul-coreana do Gyeongnam F.C., até o final de 2015 na equipe chinesa do Changchun Yatai F.C., a incidência de lesões musculares e ligamentar (LCA) não ultrapassaram 4 casos, sendo nenhuma de LCA.
Isso vem a comprovar o excelente trabalho em equipe que sempre primei em realizar por todos os clubes por onde tenho trabalhado, somado à uma metodologia de treinamento eficaz e que respeita as especificidades das ações motoras nas quais os atletas estão envolvidos nos jogos, além do correto desempenho dos mesmos quando da realização de cada sessão de treinamento onde a qualidade de execução dos movimentos deve ser observada à risca por todos.

Aproveito apenas para fazer um adendo para um fato muitíssimo raro que ocorreu ano passado - 2015 - onde não obtivemos nenhum caso de lesão
MUSCULAR ou Ligamentar LCA na equipe chinesa do Changchun Yatai F.C., time que disputa a 'Chinese Super League', mas sim apenas traumas diretos, entorses e mialgias, tudo muito simples e dentro de um padrão de normalidade no futebol.
Nesse caso específico, segundo o excelente livro "AVANÇOS NO TREINAMENTO FUNCIONAL" do magnífico autor MICHAEL BOYLE, na página 4, ele afirma que apenas uma intervenção divina pode evitar uma lesão e foi isso que realmente aconteceu, pois sempre entrego meu trabalho nas mãos de Deus todos os dias. Mas, evidentemente, nunca deixei de executar minhas funções como preparador físico, pois Deus jamais vai realizar aquilo que está ao nosso alcance e temos por obrigação fazer.
As lesões jamais serão evitadas mas podemos minimizá-las através de uma conscientização constante junto aos nossos atletas sobre seu estilo de vida dentro e fora do seu ambiente profissional, além do emprego de uma metodologia de treinamento que qualifique a mecânica das suas capacidades motoras.
Em 1992 quando comecei a trabalhar na equipe do Mogi Mirim Esporte Clube, ano em que o atleta RIVALDO iniciou sua carreira no âmbito profissional conosco, todos os aquecimentos eram realizados em formato de jogos bem dinâmicos e específicos em sua parte final, já induzindo os atletas à uma prévia da atividade a que seriam submetidos no treinamento técnico a posterior.
Desde então me coloco a estudar novos e específicos formatos de treinamento para cada Capacidade Motora, e um exemplo prático para tal procedimento é a execução, na grande maioria das vezes, do trabalho de Força (agachamento), com apoio Unipodal, já que os músculos que suportam o membro inferior quando deste apoio (quadrado lombar / glúteo médio / adutores), não são tão ativos nos exercícios que utilizam as duas pernas.
Basta analisarmos quantas atividades os atletas realizam, utilizando-se de apenas um dos membros inferiores, tanto em treinamentos como nos jogos.
Quando o atleta possui os Glúteos com um déficit de Força, os músculos ISQUIOTIBIAIS (não importa o quão fortes estejam) tem a tendência de se lesionar mais facilmente.
Inicio os trabalhos de Força com agachamentos utilizando o apoio nas duas pernas em base sólida e após um período de adaptação (individual), passo ao agachamento em Superfície instável, sendo que somente após a adaptação e assimilação desses dois mecanismos, é que realizo o mesmo procedimento mas com a utilização de apenas uma perna e ainda sem pesos extras.
Para efeito de cargas extras, primeiro os movimentos inadequados e indesejáveis devem ser corrigidos através desse sistema simples de exame do potencial de lesão FMS (FUNCIONAL MOVEMENT SCREENING - ANÁLISE FUNCIONAL DO MOVIMENTO), por onde se observa os padrões de movimento e desequilíbrios bilaterais, e com essas referências possamos corrigir a postura e orientar qualitativamente o movimento correto e seguro para o implemento de cargas extras com anilhas ou barras livres, nos propiciando a segurança devida para a execução dos treinamentos de força.
Nesse estágio de instabilidade o atleta deve empregar os Motores Primários, os Estabilizadores e os Neutralizadores ao mesmo tempo em que lida com um estímulo PROPRIOCEPTIVO adicional fornecido pela INSTABILIDADE.
Nós jamais podemos nos esquecer que a técnica na execução de todos os treinamentos e principalmente os que envolvem a Força, vem em primeiro lugar e, em caso de dúvida, sempre deve-se reduzir o peso utilizado ou ministrar um exercício mais simples.
Sempre que as curvas fisiológicas da coluna estiverem preservadas, nada de ruim pode acontecer, mas o excesso de arredondamento ou arqueamento pode ser um problema.

Temos a disposição atualmente muitas e variadas ferramentas que podemos utilizar para o desenvolvimento, acompanhamento e aprimoramento dos nossos treinamentos, e isso pode ser executado em qualquer lugar, pois tenho realizado a minha metodologia com muita segurança e sucesso em vários países como o Líbano, Coréia do Sul, China e Brasil.
Eu particularmente primo pela segurança em primeiro lugar, pois sei que a qualidade do meu trabalho diário precedido por ela irá sempre proporcionar uma tranquilidade para os atletas sob o meu comando e um custo menos elevado para os clubes que, consequentemente, se beneficiarão da presença mais constante dos seus atletas na grande maioria dos jogos da temporada.
Walter Grassmann
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